A suposta declaração da presidente Dilma Roussef de que os servidores da Polícia Federal constituem casta de “sangue azul” dentro do funcionalismo irritou os servidores administrativos do órgão. “Se realmente disse isso, ela não conhece bem a realidade da PF”, sustenta a presidente do SINPECPF, Leilane Ribeiro de Oliveira, destacando que o patamar salarial dos servidores administrativos não se compara ao dos policiais.
Hoje, um servidor administrativo de nível intermediário ingressa na PF recebendo R$ 3.325,17 (os de nível superior, R$ 4.177,72) enquanto um agente federal em início de carreira recebe R$ 7.514,33 e um delegado ou perito, R$ 13.368,68. A discrepância salarial não impede, contudo, que a PF desloque policiais para suprir postos administrativos vagos, algo que tem se tornado comum. “O governo não atende nosso pleito salarial e de reestruturação alegando ter de economizar, mas aceita este tipo de desperdício”, protesta Leilane.
Em greve desde o último dia 15, a categoria reivindica reestruturação da carreira, valorização salarial e abertura de novo concurso para fortalecimento de seus quadros. Com essas medidas, os administrativos esperam colocar um ponto final tanto no desvio de função de policiais como também na terceirização irregular que ganha força na PF. Ambas as práticas seriam reflexo da carência de administrativos enfrentada pela instituição.
Marcha – Na quinta-feira (23), os administrativos irão marchar do Ed. Sede da Polícia Federal até o Ministério do Planejamento, onde às 11h00 terão nova rodada de negociações com o governo. A categoria pretende pintar os rostos de azul em protesto contra a suposta declaração de Dilma. Além disso, os administrativos planejam soltar dois mil balões em frente ao Planejamento, cada um deles representando R$ 10 mil desperdiçados mensalmente pela PF com terceirização irregular e desvio de função de policiais.
O SINPECPF explica que o cálculo leva em conta os quase R$ 6 milhões de lucro mensal das empresas que terceirizam serviços para a PF e os cerca de R$ 13 milhões desperdiçados com o desvio de função de policiais, estimando-se que 30% do efetivo policial esteja hoje deslocado para funções administrativas.
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