Frateschi diz que petistas, como Berzoini, não são culpados pelo dossiê
O presidente do PT de São Paulo, Paulo Frateschi, negou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que integrantes do diretório paulista do partido tenham se envolvido no esquema para a compra do dossiê contra tucanos. Frateschi, ouvido na condição de testemunha pelo delegado Diógenes Curado, de Cuiabá, ainda inocentou o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), licenciado da presidência nacional do PT. Berzoini é acusado de ter informações sobre a negociação realizada em setembro deste ano entre os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha e o empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.
– Claro que ele (Berzoini) não sabia (do esquema). Tenho certeza, aliás, tenho esperança que ele volte logo a dirigir o diretório nacional do PT – disse Frateschi, depois de prestar esclarecimento por cerca de uma hora e meia na PF paulista.
Também foram ouvidos ontem outros dois integrantes do PT de São Paulo. Antônio dos Santos e José Giácomo Baccarin, respectivamente, tesoureiros do partido em São Paulo e da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista. Baccarin e Santos deixaram a sede da PF sem conversar com os jornalistas.
“Não há envolvimento do diretório estadual”
O advogado José Roberto Leal, contratado para defender os petistas, disse que os três reiteraram na PF a informação de que o diretório estadual não teve qualquer envolvimento na arrecadação do R$1,7 milhão, dinheiro apreendido com Passos e Padilha, ligados ao PT nacional e à campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Não há envolvimento do diretório estadual. As investigações até agora já comprovaram que não há relação do diretório estadual, assim como nenhum membro do diretório está estadual envolvido neste caso – assegurou Frateschi, que descartou a possibilidade de formação de caixa dois na campanha de Mercadante.
Um dos assessores da campanha, Humberto Lacerda, foi quem negociou a informação sobre o dossiê com uma revista semanal. Na porta da PF, o advogado também disse que seus clientes desconheciam o esquema para a compra de um dossiê.
– Eles desconheciam completamente qualquer situação relativa ao dinheiro – emendou José Roberto Leal.
O delegado Diógenes Curado ainda ouviu ontem funcionários da empresa TransBank, transportadora de valores. Os maços de dinheiro apreendidos com Padilha, Passos e Vedoin tinha o carimbo da empresa. A polícia ainda investiga a origem dos recursos, que podem ter saído de casas de câmbio no Rio de Janeiro. Curado tem até o próximo dia 23 para concluir o inquérito sobre a compra do dossiê.
O Globo
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