Responsável pela segurança dos Jogos Pan-Americanos, Luiz Fernando Corrêa é cogitado para o posto

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, informou a assessores e diretores da PF que lhe são próximos que não deverá ficar do cargo. O aviso vai contra a afirmação feita pelo delegado no dia 1º de agosto.

Na ocasião, ele disse que ficaria até o final do segundo mandato do presidente Lula, com a ressalva de que o tempo para desempenhar funções de confiança, como a sua, sempre cabe a quem nomeia. Lacerda foi informado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, de que Lula quer conversar com ele.

Procurado ontem por meio de sua assessoria de imprensa, Lacerda disse que nunca foi informado oficialmente sobre qualquer mudança e que eventuais possibilidades se devem a sua apreciação sobre o cenário político, o órgão e a carreira.

O diretor-geral da PF pretendia deixar o cargo quando o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) passou o bastão para Tarso, em março deste ano. A pedido de Bastos e de Tarso, ficaria “mais um tempo, mais um ano”, como disse na ocasião.

Depois, por conta de declaração pública do novo ministro de que não havia “interinidade” na PF e que Lacerda estava confirmado na diretoria geral da PF, o delegado disse que continuaria na cadeira.

Mas os tempos são outros. Tarso tem projeto político e quer imprimir sua marca no ministério. Na administração de Bastos, a PF foi o carro-chefe. Para Tarso, o que vale fundamentalmente é o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). São 94 ações entre projetos sociais e mudança na legislação para abarcar atividades preventivas e repressivas ao crime.

O Pronasci praticamente esvazia a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), chefiada por Luiz Fernando Corrêa, que também é delegado da PF. Responsável pela organização e condução da segurança dos Jogos Pan-Americanos, a Senasp passou por um batismo de fogo ao deixar os militares fora da tarefa.

O sucesso do evento credenciou Corrêa para suceder Lacerda na PF. Ele sempre foi o candidato do ex-ministro José Dirceu, que está fora do governo mas continua com influência sobre a gestão pública. Internamente, Lacerda prepara mudança na cúpula da PF.

ANDRÉA MICHAEL

Folha de S. Paulo

27/8/2007