PMDB consegue cinco ministérios com a indicação do deputado Odílio Balbinotti para a Agricultura. Ele é ligado ao setor do agronegócio. O petebista Mares Guia deve ir para a pasta do Desenvolvimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cedeu à pressão do PMDB e entregou cinco ministérios ao partido. Ontem, em reunião com a direção da legenda, ele confirmou o convite para que o deputado federal Odílio Balbinotti (PR) assuma o Ministério da Agricultura. Além dele, o partido emplacou o deputado Geddel Vieira Lima (BA), na Integração Nacional, e o médico José Gomes Temporão, na Saúde, e manterá os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e de Minas e Energia, Silas Rondeau, que estão no cargo desde o primeiro mandato de Lula.
Por incrível que pareça, o presidente não conhece pessoalmente seu novo ministro da Agricultura. Os dois serão apresentados hoje, em uma reunião às 10h30. Balbinotti foi a solução para um impasse político. A bancada do PMDB na Câmara exigia um segundo ministério e ameaçava o governo com a rebelião em votações importantes. O único posto vago nas articulações era a Agricultura, mas o presidente não queria nomear um político para o cargo.
Na segunda-feira, o presidente do PMDB, Michel Temer, reuniu-se com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. “O presidente quer dar a Agricultura ao PMDB, mas gostaria que no novo ministro fosse um empresário do setor e não um deputado”. Temer rebateu dizendo que havia grandes empresários rurais entre os deputados e citou Balbinotti. Dono de 14 fazendas, avaliadas em R$ 68 milhões na sua declaração de bens, o deputado é um dos maiores produtores de semente de soja no Brasil. Com sua nomeação, Lula atende ao PMDB mas também escolhe um ministro com o perfil que desejava para a Agricultura. Assim como Roberto Rodrigues, titular da Agricultura no primeiro mandato, Balbinotti terá o apoio do agronegócio.
O novo ministro responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) desde agosto do ano passado. A ação corre em segredo de Justiça. A denúncia é do Ministério Público Federal do Mato Grosso que o acusa de crime contra a fé pública e falsidade ideológica.
Satisfação
Temer saiu exultante da reunião com Lula. “Não podia ser melhor”, disse. “O presidente reconheceu a importância do PMDB”. Contente, ele agora inclui na cota do partido o novo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. “Ele terá todo o apoio do PMDB”, prometeu. Até ontem, Lula queria que a bancada da Câmara assumisse a nomeação de Temporão e abrisse mão de um novo ministério. A bancada dizia não reconhecer o ministro como seu.
Lula praticamente concluiu a reforma. Ontem, disse a interlocutores que pode mudar de idéia sobre o destino do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB). Inicialmente o presidente pensou em transferi-lo para a pasta de Relações Institucionais, onde seria o coordenador político do governo. Mas a dificuldade de encontrar um substituto para o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, o fez repensar. Ele deve nomear Mares Guia para a pasta, estratégica no projeto de crescimento econômico do país.
Hoje Lula reúne-se com os presidentes de todos os partidos aliados, no Conselho Político do governo. Deve aproveitar para fechar as conversas da reforma. Quase todos já têm sua cota definida. O PP continuará com o Ministério das Cidades, como desejava. O PR manterá a pasta dos Transportes e o ex-ministro Alfredo Nascimento voltará ao cargo. O PCdoB também preserva seu espaço no Ministério dos Esportes.
Quem mais perdeu foi o PSB. A legenda manterá a pasta de Ciência e Tecnologia, mas ficou sem a Integração Nacional para o PMDB. O líder do partido do Senado, Renato Casagrande (ES), reagiu: “A reforma ministerial ampliou os espaços do PT e PMDB no governo. A nossa expectativa é que pudéssemos manter o mesmo espaço que tínhamos no primeiro mandato. Mas pelo visto isso não irá ocorrer. Nos sentimos sub-representados.”
Análise da notícia Lula dirá que a nova equipe representa um governo de coalizão. Mais do que isso, representa um governo onde quem manda é o chefe. –> |
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Gustavo Krieger, Sandro Lima
Da equipe do Correio
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