Diógenes Curado depõe na CPI e afirma estar convencido de que ex-assessor de Mercadante levou o dinheiro
Em depoimento fechado à CPI dos Sanguessugas, o delegado da Polícia Federal Diógenes Curado, que conduz o inquérito sobre a compra de um dossiê contra tucanos, disse ontem não ter dúvidas de que o dinheiro que seria utilizado por petistas para pagar pelos documentos é proveniente de caixa dois de campanha. De acordo com parlamentares que ouviram Curado, os recursos sairiam do caixa dois da campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo. O senador negou que tenha qualquer participação com o episódio.
Curado também complicou ainda mais a situação do ex-assessor de Mercadante Hamilton Lacerda, flagrado pelas câmeras do Hotel Íbis, em São Paulo, com malas que, para a PF, continham o R$1,7 milhão encontrado com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha. O delegado informou que Lacerda fez ligações para o telefone de Gedimar quando já estava no hotel. O ex-assessor de Mercadante teria utilizado um telefone em nome de Ana Paula Vieira Cardoso, embora, em depoimento à PF, ela tenha negado ter emprestado o aparelho para Lacerda.
O celular de Ana Paula teria feito 23 ligações apenas para Jorge Lorenzetti, que era assessor da campanha do presidente Lula. Quando depôs na CPI, Lacerda negou que tenha levado dinheiro a Gedimar e disse que jamais utilizou telefone em nome de Ana Paula.
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) disse que Curado trabalha com a possibilidade de que parte dos recursos que seriam utilizados para a compra do dossiê saiu da casa de câmbio Vicatur, em Nova Iguaçu, no Estado do Rio. Mas a PF não avançou na identificação dos sacadores dos recursos.
– Estamos absolutamente convictos, e vamos provar que os aloprados participaram e que os recursos vieram de caixa dois de campanha – disse Jungmann, que defendeu a prorrogação do prazo da CPI.
– Não queremos encerrar os trabalhos antes do relatório da Polícia Federal.
A CPI quer ouvir o depoimento do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), presidente licenciado do PT, e de Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência. Para isso, porém, tem de conseguir prorrogar o prazo, que se encerra dia 15.
O Globo
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