O juiz da 2ª Vara Federal de Cuiabá (MT), Jeferson Schneider, deu ontem 20 dias para a Polícia Federal terminar a investigação sobre o caso do dossiê contra tucanos. Schneider concedeu o mesmo prazo para apuração do suposto envolvimento do empresário Abel Pereira -ligado ao ex-ministro da Saúde e atual prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB)- com a máfia dos sanguessugas.

Segundo a Superintendência da PF em Cuiabá, o juiz deu prazo para apresentação do “relatório final”. O delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito, pediu mais prazo na semana passada, mas não definiu quanto tempo precisava. Ontem à noite, ele disse que pode não concluir a investigação no prazo determinado. “Neste caso, a gente faz um relatório final dizendo que não chegamos a uma conclusão”, afirmou Curado, que não descarta pedir outro prazo.

A PF já pediu duas prorrogações, desde o início do caso do dossiê em 15 de setembro, quando apreendeu em um hotel de São Paulo o dinheiro que seria usado para pagar Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, pelo dossiê.

Na semana passada, Curado apresentou um segundo relatório parcial sem, contudo, apontar a origem do dinheiro. A suspeita é que parte dos dólares tenha vindo da casa de câmbio Vicatur, do Rio de Janeiro, sacada em nome de laranjas. Sobre os reais não há pistas.

No documento, a PF afirma que Hamilton Lacerda, então assessor de campanha de Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de SP, levou o dinheiro ao hotel. Ele nega.

Por enquanto, a PF aponta como responsável pela negociação do dossiê Jorge Lorenzetti, ex-assessor da campanha do presidente Lula. Devem ser ouvidos nos próximos dias o presidente estadual petista, Paulo Frateschi, o tesoureiro do partido em SP, Antônio dos Santos, e o tesoureiro da campanha de Mercadante, José Giácomo Baccarin.

HUDSON CORRÊA

Folha de S. Paulo