Nomes de moradores da Baixada Fluminense foram usados para sacar dólares; bicheiro nega envolvimento
A Polícia Federal anunciou ontem ter conseguido localizar as oito últimas pessoas usadas como “laranjas” pela Vicatur para sacar parte dos US$248,8 mil apreendidos com petistas num hotel em São Paulo. São moradores humildes de Nilópolis, na Baixada Fluminense e aparentemente de boa-fé. Todos foram ouvidos pelo delegado Diógenes Curado, da PF de Mato Grosso, que conduz o inquérito sobre a tentativa de compra do dossiê contra políticos tucanos. Curado não quis dar detalhes dos depoimentos, mas revelou que os laranjas “deram informações importantes para o inquérito”.
Delegado pedirá mais 30 dias para investigações
Com a localização e identificação dos oito laranjas, Curado disse “ter concluído com sucesso as diligências no Rio”. Ele confirmou que volta hoje para Cuiabá para analisar todo o material obtido no Rio e reler os depoimentos. O delegado informou ainda que vai pedir à Justiça a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito.
– A lei determina mais 30 dias, mas acho que não serão necessários. Talvez termine antes, em 20 dias. Provavelmente não volto mais ao Rio. Se tiver que ouvir alguém, o farei por carta precatória – disse.
A PF também localizou no Rio duas pessoas que teriam falado com o petista Hamilton Lacerda pelo telefone que estava em nome da laranja Ana Paula Cardoso Vieira. Curado não deu detalhes, mas nos depoimentos as duas negaram qualquer ligação para o número. O delegado disse que pode ter havido um erro no extrato enviado pela prestadora:
– Pode ter ocorrido um erro no extrato, mas isso nós ainda estamos investigando. Vamos pedir um novo cadastro de usuários da prestadora.
Ontem, três pessoas foram ouvidas pelo delegado, na sede da Superintendência da PF do Rio, na Praça Mauá. Tânia Maria da Silva, funcionária da Vicatur, confessou ter recrutado laranjas para os saques. Luis Carlos Fabriani, sócio da corretora Dillon, disse ter repassou dólares do Banco Sofisa para a Vicatur.
“Não conheço ninguém, não sei de dossiê”, diz Turcão
Também foi ouvido ontem o banqueiro do jogo do bicho Antonio Petrus Kalil, o Turcão, para esclarecer se parte do dinheiro que seria usado na compra do dossiê teria origem no mercado de apostas ilegais. Ele chegou acompanhado pela advogada a bordo de um Mercedes-Benz E 320 prata, com teto solar, e disse não conhecer os envolvidos no caso.
– Não tenho nada, não conheço ninguém, não sei de dossiê – afirmou.
Depois de passar 1h10m na sede da Superintendência da PF, o banqueiro do bicho se declarou satisfeito com o resultado do depoimento.
– Fui perdoado – disse, antes de negar qualquer doação a campanhas políticas. – Só dou contribuição para asilo e para hospital.
De acordo com a nota lida pelo delegado Diógenes Curado, Turcão negou “que tivesse qualquer responsabilidade pelo dinheiro encontrado em São Paulo com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, declarando que não fez contribuição ao Partido dos Trabalhadores”.
O Globo
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