Venda de moeda foi realizada pela casa de câmbio Vicatur, uma das investigadas pela Polícia Federal no caso do dossiê contra tucanos
PF analisa dados de 66.256 pessoas, 56.047 números de telefone e 2.828.000 chamadas, milhares delas para o Palácio do Planalto
A Polícia Federal ouviu pelo menos um dos laranjas cujos nomes foram utilizados para comprar dólares supostamente usados por petistas na tentativa de compra de um dossiê contra os tucanos.
O laranja ouvido negou ter conhecimento da compra de dólares feita em seu nome, em uma operação realizada pela casa de câmbio Vicatur, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
A pessoa ouvida pelos policiais é integrante de uma família pobre, que tem oito de seus integrantes registrados como compradores de dólares em operações com a Vicatur investigadas pela PF. Os demais laranjas devem prestar depoimento ainda nesta semana.
Além da Vicatur, são alvos preferenciais da PF as casas de câmbio Diskline e Travel, em São Paulo, e a Centaurus, em Florianópolis.
Por meio dessas empresas, suspeita a PF, passaram US$ 110 mil em notas seriadas, lote que faz parte do R$ 1,75 milhão em dólares e reais que seriam utilizados para comprar o dossiê, mas foram apreendidos em 15 de setembro, no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo.
Os nomes dos laranjas fazem parte de uma base de dados montada pela PF especificamente para investigar a negociação do dossiê contra políticos tucanos.
A análise das informações envolve dados relativos a 66.256 pessoas, 56.047 números de telefones e 2.828.000 chamadas de sigilo telefônico.
As sucessivas quebras de sigilo telefônico, no período entre 15 de agosto e 15 de setembro, revelaram que os suspeitos e as pessoas com as quais se comunicaram receberam do Palácio do Planalto e fizeram para o local 380 mil ligações telefônicas. A PF investiga com quem do governo os suspeitos de negociar o dossiê conversaram.
O lado financeiro da investigação trabalha, no mesmo sistema -chamado de “Arquivo X”-, com dados de 43.778 contas bancárias, 1.580.094 transferências financeiras, além de 311.039 contratos relativos à compra de lotes superiores a US$ 10 mil.
Os números vão aumentar ainda mais. Ontem à noite, a PF começou a alimentar o “Arquivo X” com dados sobre contratos de compra de dólares em valores inferiores a US$ 10 mil. O novo pedido de informações foi feito ao Banco Central porque há suspeita de que as compras destinadas ao negócio com o dossiê tenham sido mais pulverizadas do que o limite de US$ 10 mil que havia sido fixado para a quebra de sigilo pedida à Justiça anteriormente.
ANDRÉA MICHAEL
Folha de S. Paulo
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