Bando criava programas para descobrir senhas de correntistas; foram desviados R$ 32 mi

A Operação Replicante, da Polícia Federal em Goiás, prendeu ontem uma quadrilha que roubava senhas e invadia dados pessoais e bancários pela internet. Contando com uma rede de laranjas, o grupo tirou dinheiro de milhares de correntistas. Segundo a PF, só de seis pessoas foram desviados R$ 32 milhões.

No total, 300 agentes prenderam, até o fim do dia, 58 pessoas em Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Rio e Distrito Federal. As prisões foram determinadas pelo juiz da 11ª Vara da Justiça Federal, em Goiás. ‘Não houve violação do sistema bancário’, garantiu o superintendente da PF, Manuel Trajano Rodrigues Dualibe. Ele explicou que os hackers não fraudavam o banco, mas os clientes.

A polícia apreendeu 15 computadores e diversos equipamentos em residências e empresas. Um notebook foi recuperado pela PF no Setor Bueno, bairro nobre de Goiânia, após ser lançado do alto de um prédio para dentro de uma piscina.

EXTORSÃO

A PF também apreendeu 15 carros, um jet ski e dinheiro que estava em poder da quadrilha, cujos integrantes, em Goiás, têm média de 20 anos de idade. Foram presos um policial civil, Anderson Luiz Gonçalves Santana, e dois policiais militares, o cabo Gilberto Veiga de Mello e o soldado Allan Kardec Franco. Segundo a PF, os policiais descobriram parte do esquema, mas em vez de dar voz de prisão aos hackers, passaram a extorqui-los. ‘Ele (Anderson Luiz) era da Polinter, com mais de 12 anos de serviço’, afirmou o delegado Cleovitan Néris Costa, corregedor da Polícia Civil.

O delegado Rodrigo de Lucca Jardim informou que a Operação Replicante foi iniciada há um ano. Na prática, trata-se de uma seqüência de outras operações realizadas pela PF a partir de 2000.

Desta vez, afirmou, os programadores eram o foco das prisões. Eles que difundiam programas para roubar senhas e dados confidenciais das contas bancárias. ‘Geralmente, clonavam sites oficiais’, afirmou Jardim.

Rubens Santos do Estadão