Rio – O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, disse que seria importante levar a diante a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de adotar uma política de recuperação salarial dos servidores públicos que atendesse aos três poderes da República, como forma de reduzir as diferenças de valores entre eles. Contudo, Ganz avalia que a proposta levará tempo e terá grande impacto no Orçamento.
Segundo o diretor, para a proposta sair do papel, seria necessário um processo longo de tradução das diretrizes do judiciário, do legislativo e do executivo e os reflexos delas, em cada caso, salário e carreira do setor público. “A quantidade de servidores e também o contingente de inativos é muito grande. Qualquer mexida na remuneração de servidores públicos, em qualquer esfera, tem um rebatimento bastante grande no Orçamento da União”, disse em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
O economista ponderou, no entanto, que o servidor público é o responsável pelo serviço que o Estado presta e que a qualidade deste serviço está em grande parte, associada ao que ele é capaz de realizar a função. “As condições de trabalho e de remuneração são só uma das formas de promover incentivo a este servidor. Fazer uma política é criar condições para que todas essas condições se materializem. Como as diferenças salariais, as reduções e o arrocho salarial vivido pelo servidor público nos últimos 15 anos foi muito grande e também ocorreram políticas diferenciadas para diferentes cargos na esfera pública, temos discrepâncias entre as remunerações”, esclareceu.
Ganz Lúcio acrescentou ser evidente que existem setores com maior poder de pressão do que outros, mas defendeu que a discussão do assunto não deve resultar em estruturas diferenciadas, mas em esforço continuado de uma política que atendesse a diretrizes comuns. Ele faz apenas a ressalva para necessidade de políticas diferenciadas entre servidores, em consequência da definição das prioridades das políticas públicas de governo.
Para o diretor, só a diferença salarial entre o presidente da República e os ministros do Supremo já evidencia que há discrepâncias, que, segundo ele, se repetem em estados e municípios. “Uma equiparação é um sistema que vai demorar muito tempo para ser construído no Brasil porque as diferenças são enormes e o rebatimento no Orçamento também não é pequeno”, avaliou.
Ele informou que o Dieese tem assessorado as negociações salariais que vem ocorrendo nos últimos três anos entre o governo e os servidores públicos. “Temos que avaliar é o retorno que isso traz na qualidade salários mais baixos arrochados nos últimos anos, embora nem todos tenham sofrido as mesmas perdas salariais. Tivemos setores que tiveram recuperação e outros não”, concluiu.
Cristina Índio do Brasil Repórter da Agência Brasil
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