Parece filme repetido: a cada nova crise nas contas públicas, surgem “especialistas” para culpar as despesas com servidores pelos problemas econômicos. Mas será que o funcionalismo é mesmo o grande vilão dessa história? Para a Frente Parlamentar Mista pela Auditoria da Dívida Pública com Participação Popular, lançada na última terça (9), jogar nas costas do trabalhador os problemas pelo desajuste fiscal é uma grande injustiça, que precisa ser corrigida.
“O maior gasto do país é com a dívida pública, e essa despesa segue obscura”, observa Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, entidade que defende a realização de uma auditoria independente, feita pela sociedade civil, das contas públicas, ato previsto pela Constituição Federal que jamais saiu do papel.
O objetivo da auditoria cidadã é dissecar o processo de endividamento do país, buscando a verdadeira natureza da despesa que absorve a parte mais relevante dos recursos nacionais, enquanto áreas como segurança, saúde e educação amargam falta de verbas. Com a dívida auditada, eventuais erros e fraudes poderiam ser sanadas, possibilitando alocação do dinheiro nos serviços públicos.
Diversos parlamentares registraram seu apoio à causa e prometem trabalhar para que a auditoria cidadã saia do papel. De composição pluripartidária, a Frente Parlamentar que lutará pela realização da auditoria cidadã é encabeçada pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL/PA) no âmbito da Câmara dos Deputados e pelo senador João Capiberibe (PSB/AP) no Senado Federal.
Em seu discurso, Edmilson Rodrigues criticou os sucessivos governos que se negam a dar informações claras sobre o endividamento público e ressaltou a necessidade de dedicação aos estudos sobre a dívida, para que a Frente alcance os resultados esperados. “Todos que pensam a dívida são bem-vindos para somar nesse debate”, afirmou.
O senador João Capiberibe explicou que os brasileiros trabalham cinco meses por ano para pagar impostos e desse valor, dois meses e meio são para pagar a dívida. “Temos que convencer o povo sobre a importância da dívida”, destacou.
Ao todo, 25 parlamentares prestigiaram o lançamento da frente parlamentar, acompanhados por representantes de mais de 70 entidades de classe. Entre eles estava o presidente Éder Fernando da Silva, que ratificou o apoio à auditoria da dívida. “O roteiro é batido: sempre colocam a culpa no servidor, mas o final da história não é feliz e os problemas continuam. Precisamos agir para resolver o verdadeiro problema”, ponderou.
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